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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UM CORAÇÃO ARREBATADO E ACELERADO PELO SENHOR


Há pouco tempo enviei um e-mail para várias pessoas com o título “Amantes ou prostitutas” e recebi várias respostas de pessoas que foram impactadas pelo conteúdo. Alguns irmãos e pastores levaram o artigo para grupos de es tudo e outros o transformaram em pregação. Após tudo isto me coloquei a indagar sobre: o que é ser um amante de Deus? Lembre-se que esta palavra não está sendo utilizada aqui no sentido pejorativo como muitas pessoas a conhecem. Amante aqui denota alguém que nutre um bonito e profundo amor por alguém.
          De início fui logo levado a resposta que Jesus deu ao mestre da lei onde o Mestre dos mestres disse que o maior de todos os mandamentos é “Amar ao Senhor de todo coração, de toda alma, de todo o entendimento e toda a força.” Fui imediatamente ao texto de Mateus 22.37 e aos textos correlatos para fazer uma exegese a fim de entender melhor o que é amar ao Senhor com o coração, com a alma, com o entendimento e com a força.
          Para iniciar perceberemos que este texto é uma citação do texto hebraico de Dt 6:5 e a nossa análise léxico-sintática partirá deste texto. Nele Moisés fala de três coisas essenciais que caracterizam aqueles que amam ao senhor: Coração, alma e força.

Coração -- Alma -- Força

          Leia atentamente os textos abaixo e perceba que no Novo Testamento Jesus fez um adendo e incluiu a palavra “entendimento” após “Alma” e isto nos ajuda a entender o que o texto hebraico realmente quer dizer.

“ Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” (Deuteronômio 6:5 )

“ Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.”
                                                             (Mateus 22:37 )


“ Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.”                                                                                     (Marcos 12:30)
Coração -- Emoção, sentimentos

          O termo hebraico é "lebab" e significa “Homem interior, mente, vontade, coração, alma, inteligência”. Tanto Coração quanto alma podem significar emoção ou sentimento dependendo da sintaxe de uma frase, mas neste texto alma toma um significado diferente de coração que aqui como já falamos, aponta para a emoção e os sentimentos. O termo vem da raiz "labab" e significa: “arrebatar o coração, encorajar, acelerar o coração”.

Alma -- Razão, entendimento, vontade.

          O termo no hebraico é "nephesh" que em primeiro plano significa alma, ser, vida, criatura, pessoa, mas neste versículo assume um significado bem comum ao seu uso no hebraico: “A Atividade da mente ou atividade da vontade”. Neste caso a palavra está se referindo as atividades mentais próprias do ser humano e não dos demais animais. A palavra alma tanto no texto de Mateus como no de Marcos é a tradução do termo psuche que se tomada isoladamente em sua raiz significa fôlego, respiração indicando sinais vitais de vida em um ser humano, mas que neste caso assume outras de suas aplicações muito comuns para os gregos e nos textos sagrados; alma aqui significa “toda a atividade da psique humana” e é vista como o “lugar dos sentimentos, desejos, afeições, aversões”.           A psique é a sede dos pensamentos o que faz com que o homem tenha a razão, diferentemente dos animais. Para reforçar esta verdade perceba que no Novo Testamento, quando Jesus foi indagado sobre qual seria o principal mandamento Ele acrescenta ou inclui a palavra “entendimento”. Esta palavra é a tradução do termo grego dianoia que é a junção dos radicais dia e nous e aponta para a mente como centro das habilidades intelectuais, afetivas e volitivas, faculdades mentais, entendimento. O termo “dianoia” aponta também para:
1. Razão no sentido mais estrito, como a capacidade para compreender a verdade espiritual, os poderes superiores da alma, a faculdade de perceber as coisas divinas, de reconhecer a bondade e de odiar o mal
2. Poder de ponderar e julgar sobriamente, calmamente e imparcialmente
3. Um modo particular de pensar e julgar, pensamentos, sentimentos, propósitos, desejos.


Força -- Intensidade

O termo no hebraico é "ma‘od" e significa: grande quantidade, extremamente, muito, força, abundância. São expressões idiomáticas mostrando magnitude ou grau.

Arrumando as informações obtidas

          Basicamente aprendemos que o texto hebraico nos mostra que devemos amar ao Senhor com as emoções e sentimentos, mas também com o entendimento e a razão e empregar muita intensidade. O interessante é que tudo isto me levou para outro assunto que é questionado por muitos: Podemos dizer que estamos apaixonados pelo Senhor? Paixão seria um termo apropriado para se referir ao nosso relacionamento com Deus? Vejamos:

Pode um crente estar apaixonado pelo Senhor?

          A palavra paixão vem do grego "pathos" que significa: Calamidade, infortúnio, mal, aflição e além de outros, doença. Por isso muitos questionam que se paixão é uma doença como poderemos utilizar o termo em relação ao nosso relacionamento com Deus? A grande questão é que não podemos utilizar um termo levando apenas em consideração o seu sentido etimológico primário. As palavras em qualquer idioma vão aos poucos se afastando do seu significado primário e acabam significando coisas muito diferentes da raiz.
          Em português a palavra paixão pode ser utilizada para falar daquele sentimento inicial que uma pessoa sente por outra de outro sexo e dizemos que esta pessoa está apaixonada. Este sentimento até certo ponto é normal e pode acabar ou se intensificar com o tempo. O grande problema é quando ele se torna algo doentio, cego e sem o uso da razão.
          Você com certeza já se sentiu apaixonado e não achou tão ruim! Quando nos apaixonamos por alguém não tiramos esta pessoa da cabeça. Como diz Gary Chapman no livro As cinco linguagens do amor:

“Nesse patamar, estar apaixonado (a) é uma experiência eufórica. Um fica emocionalmente obcecado pelo outro. Dorme-se pensando nele (a). Levanta-se e aquela pessoa é a primeira coisa que nos vem à mente. Ansiamos por estar juntos. Gastar tempo um com o outro é como estar na antecâmara do céu. Quando andamos de mãos dadas, é como se nossos corações batessem no mesmo compasso. Beijaríamos um ao outro para sempre, se não tivéssemos de ir à escola ou ao trabalho. O abraçar estimula sonhos de casamento e êxtase.”          


          O grande problema é que algumas pessoas não sabem utilizar o lado racional dos sentimentos e uma paixão pode facilmente virar uma obsessão. Gary Chapman nos diz que devido ao fato da paixão se transformar facilmente em obsessão algumas pessoas a reprimem totalmente, entretanto podemos analisar sob outro ângulo:

“As pesquisas realizadas parecem indicar que existe uma terceira e melhor alternativa: reconhecer que a paixão é o que é — um pico emocional temporário — e então desenvolver o amor verdadeiro com nosso cônjuge. Esse tipo de sentimento é de natureza emocional, mas não obsessivo. É o amor que une razão e emoção. Envolve um ato da vontade e requer disciplina, pois reconhece a necessidade de um crescimento pessoal. Nossa necessidade emocional básica não é apaixonar-se, mas ser genuinamente amado (a) pelo outro; é conhecer o amor que cresce com base na razão e na escolha e não no instinto. Preciso ser amado por alguém que escolheu me amar, que vê em mim algo digno de ser amado.”
          Em nosso relacionamento com Deus passamos por algo parecido com o sentimento que acabamos de analisar. A Bíblia chama isto de “primeiro amor”. Algumas pessoas quando conhecem a Jesus chegam a ficar meio bobas e meio fora de si, mas uma coisa é marcante; elas sentem um profundo desejo de estar nos cultos, de evangelizar, de orar e um profundo sentimento em relação a Deus muito acima da média dos demais crentes.
          Lembro-me da minha própria experiência de conversão. Converti-me aos 15 anos de idade e posso dizer que me apaixonei por Jesus. Cheguei até mesmo a marcar em uma agenda todos os dias nos quais eu ia aos cultos e no primeiro ano de minha conversão não faltei aos cultos e demais atividades da igreja nem um só dia! A minha agenda toda marcada foi um motivo de orgulho! Devorei as Escrituras; passava horas a fio lendo a Bíblia, pois queria aprender mais e mais sobre a fé. Se sabia que haveria uma vigília de oração lá estava eu. Se os irmãos marcavam para orar no monte, lá estava eu também. Fiz parte de um grupo de jovens e a cada domingo num intervalo de quinze dias íamos a um bairro na zona rural de Teresópolis para realizar cultos no qual precisávamos andar duas horas a pé para chegar e duas para voltar. Às vezes íamos um pouco mais longe e andávamos oito horas somadas a ida e a volta! Fiz parte de um grupo de evangelismo e evangelizamos bairros inteiros entrando de casa em casa.
          Eu fazia determinadas coisas e depois ficava com a consciência pesada achando que havia pecado e então ia correndo aos mais adiantados na fé para perguntar se o que eu havia praticado era pecado ou não; afinal eu precisava buscar ter uma vida de consagração. Eu aprendi que o cristão tinha rir moderadamente e quando começava a dar muitas risadas me sentia um pecador!
          Confesso que fiz também algumas coisas ridículas das quais me envergonho, mas na época achava estar sendo fiel a Jesus. Como em um dia em que os jovens de minha igreja estavam jogando futebol num campinho próximo a nossa casa e cheguei à beira do campo e com o dedo em riste lembrei-lhes do juízo de Deus aos jogadores! Com o passar do tempo até mesmo eu batia uma bolinha vez por outra!
          Também com o passar do tempo o ardor foi-se esfriando e houve uma época de minha vida onde fiquei muito acomodado. Graças a Deus nunca abandonei a fé, contudo a fé se esfriou e ler a Bíblia, ir aos cultos e outras coisas já não ardiam mais no coração. Eu passava dias, semanas ou meses sem ler as Escrituras ou orar. Mesmo como músico cantar ou adorar ao Senhor com meu violão ou teclado não tinham muito mais “sabor”. Eu não sabia, mas no reino espiritual foi colocada uma faixa diante de mim com o dizer:

“BEM VINDO A RELIGIOSIDADE!”

Infelizmente, isso acontece praticamente com todas as pessoas que se convertem


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Amar ao Senhor com coração, alma e força: Um ato da vontade

          Você pode continuar não concordando que o termo paixão não é o mais apropriado, mas a raiz hebraica da palavra coração vem de "labab" e significa: 
“arrebatar o coração, acelerar o coração” e é isso que acontece quando conhecemos a Jesus. O nosso coração fica arrebatado, acelerado! Estamos no primeiro amor! Se perdemos aquela alegria e motivação iniciais precisamos buscá-las novamente. O amor verdadeiro é muito mais atitude do que sentimento. O amor verdadeiro deve passar pela vontade muito antes de passar pelos sentimentos. 
          Está comprovado pela ciência que amor é um ato da vontade. Decidimos amar ou odiar uma pessoa. De que maneira você acha que cumpriremos o mandamento de Jesus de que temos que amar os inimigos? Você acha que em um belo dia vamos acordar e sentir um profundo sentimento de amor por aquele chefe ou vizinho chato? Ou inexplicavelmente começaremos a amar aqueles que nos perseguem e fazem mal? NÂO!!!! Isto é um ato da vontade!
          Só vamos amar ao Senhor com mais intensidade se tomarmos a decisão de fazê-lo. Por isso que sabiamente a Bíblia fala de equilíbrio quando diz que devemos amar ao Senhor com o coração, com a alma e com força. Temos que decidir passar mais tempo com o Senhor em oração. Temos que nos disciplinar para ler e estudar as Escrituras regularmente. Precisamos ser mais zelosos com os nossos compromissos e horários na obra de Deus.

DIGA UM NÃO! A RELIGIOSIDADE

          Como podemos demonstrar amor ao Senhor se formos relaxados com sua obra? O que o Senhor pensa de nós quando cantamos que o amamos e, entretanto vivemos uma vida de religiosidade e legalismo? Que expressão de amor é essa que quando marcamos um “encontro” semanal de duas horas com o nosso amado damos atenção a todos que estão ao redor menos para Ele? Vamos à casa do nosso Amado e lá Falamos com as pessoas sobre os negócios, Tv, internet, ensaios, peças e uma porção de outras coisas e não lhe dirigimos uma só palavra? Quando chega a hora de conversar com Ele, de cantar uma canção de amor para Ele ou de Elogiá-lo (louvá-lo) há pessoas que ficam de olhos abertos reparando em tudo e todos ou simplesmente abaixam a cabeça e ficam impacientemente esperando a conversa terminar? O que Ele pensa quando chega o momento em que Ele vai dirigir a Palavra a nós a fim de nos aconselhar, edificar, exortar, nos dar ânimo, expressar o seu amor por nós e quase dormimos ou então ficamos a conversar com quem está ao nosso lado e não vemos a hora do encontro terminar?
          Se utilizarmos a razão e a intensidade teremos um coração acelerado e arrebatado pelo Senhor. Comece a ler as cartas de amor que o Senhor deixou para nós. São 66, portanto vá devagar. Vá lendo aos poucos, vá meditando em cada palavra. Grave-as em sua mente. Comece pelas poesias (Salmos) ou relembre a história do nosso amado (evangelhos). Cante canções de amor para Ele durante o dia. Converse com Ele a hora que você quiser, no lugar que você quiser, pois o nosso amante está sempre bem pertinho de nós. Ele nunca se distancia; nós é quem nos distanciamos dele. Você está triste? Conte para ele o motivo de sua tristeza, mas nunca, nunca o abandone nestas horas! Você está alegre? Compartilhe com Ele sua alegria! Você está sendo injustiçado? Recorra a Ele, pois dele procede a verdadeira justiça!
          Nunca pare de adorar. Nunca pare de louvar. Ainda que não haja vontade para isso adore a Ele mesmo assim pois o seu louvor vai quebrar os grilhões que aprisionam os teuS sentimentos e em pouco tempo você o fará com alegria. Simplesmente não pare nunca de adorá-lo
          Gosto muito de um cântico do David Quinlan que se chama: “Quero ser como criança”. Provavelmente você o conhece. Gosto de adorar ao Senhor com este cântico, pois ele nos leva a perceber o quanto somos dependentes do amor de Deus.


Quero ser como criança. Te amar pelo que és. Voltar a inocência e acreditar em ti.

Mas às vezes sou levado pela vontade de crescer. Torno-me independente e deixo de simplesmente crer


Não posso viver longe do teu amor Senhor. Não posso viver longe do teu afago Senhor

Não posso viver longe do teu abraço Senhor. Abraça-me, abraça-me... Abraça-me com teus braços de amor


          Ainda que você não sinta o coração acelerado ou arrebatado por Jesus comece a declarar o seu amor por Ele mesmo assim. Use o estilo musical que você gosta, busque nas Escrituras textos onde haja profunda doxologia, no seu a sós com Deus separe bastante tempo para louvar, bendizer e agradecer ao Senhor. Como a mulher pecadora na casa de Simão, renda-se ao Senhor e o ame muito porque muito nós fomos perdoados pelo Senhor. Com o tempo você perceberá que o sentimento de amor pelo Senhor irá aumentar e você terá o desejo de estar perto do dele todo dia, toda hora, todo instante, todo minuto, todo segundo e para sempre! E o mais importante o seu amor pelo Senhor irá transbordar e contagiará outras pessoas!


Pense seriamente nisto e avalie o seu relacionamento com Deus.

Pr. Valdecy de Jesus Marques

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